sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Despejo político

por  Heródoto Barbeiro
A principal reportagem da última edição do Jornal do Campus traz à tona uma questão importante para os estudantes e a sociedade que é a moradia para os que estudam na Cidade Universitária. Muitos não têm condições de arcar com as despesas de moradia, e isto é tão antigo quanto a instalação do campus na região do Butantã. Falta de recurso e de acesso foram os primeiros motes para a instalação do Crusp. Este tem também um caráter histórico uma vez que, na década de 1970, foi o reduto mais importante na organização do movimento estudantil que resistiu a ditadura militar.

Era um espaço livre para as manifestações políticas através de assembléias, reuniões de partidos e grupos estudantis, cursos, seminários, teatros, filmes, palestras e festas no Centro de Vivência. Para muitos era também o lugar onde se podia comer pagando pouco. As festas de finais de semana atraiam estudantes de todas as faculdades, da USP e de fora dela. Não é a toa que em 1969, a direção resolveu desmontar um dos prédios. O que ficava bem no meio do Conjunto Residencial. Segundo a Reitoria era para construir uma avenida que desse acesso aos prédios da parte posterior do campus. Segundo os estudantes, era uma forma de dividir o conjunto monolítico que se desenhara do território livre de resistência à ditadura. De dia os funcionários tentavam fazer funcionar a máquina que desmontaria o prédio construído de pré-moldados. À noite, os estudantes sabotavam a máquina para que não funcionasse no dia seguinte. Eu mesmo convivi nesse período no Crusp, mas não “oficialmente”. O que mais se temia na época é que, por razões políticas e perseguição alguns fossem de lá afastados.

A reportagem cumpre o seu papel de “ouvir os dois lados”, no caso o estudante de Letras Rafael Alves e seu advogado e do outro a Coseas, responsável pela administração do Crusp. Na página 3, o nome do Superintendente Waldyr Antonio Jorge, só aparece, no meio da quarta coluna, o que causa desconforto para leitores que não acompanham o caso e não são familiarizados com o Crusp. É verdade que na primeira página aparecem todos os personagens. Contudo é preciso ir além de “ouvir os dois lados”. Creio que o jornalista precisa formar convicção sobre o fato e publicar a sua história e não apenas relatar o que diz um e o que diz o outro. O respeito à isenção e a formação do espírito crítico do público alvo não pode inibir o repórter de expor suas convicções. O nome do repórter Carlos Vilas, a quem cumprimento pelo trabalho, aparece acima da foto do Rafael, e isto me deu a entender que ele é o fotógrafo. Se a foto não for de sua autoria, o autor deve ter o crédito na parte inferior. Se Vilas reportou e fotografou, sugiro que isso fique claro na reportagem, se preciso com dois créditos.

Na seção Opinião, os repórteres Ana Carolina Marques e Bruno Federowski fazem uma observação cuidadosa no artigo “Riots: fizeram barulho e mais o quê?” quando dizem ser necessário saber se esses eventos são isolados ou se fazem parte de uma cadeia mais ampla. Eles se referem às recentes manifestações que explodiram em bairros de Londres. Suponho que a matéria foi construída a partir de leituras de outros meios uma vez que não há fontes explícitas, o  que é absolutamente respeitável. Contudo, notícias divulgadas posteriormente sobre o perfil dos manifestantes não confirmaram que fossem na sua maioria marginalizados da sociedade londrina. Chama também a atenção o termo inglês Riots, que no meu dicionário está traduzido por tumulto.

Heródoto Barbeiro é jornalista e escritor. Atualmente é editor-chefe e apresentador do Jornal da Record News. Você, leitor, também pode contatar nosso ombudsman. Basta mandar um e-mail para herodoto.jc@gmail.com.

http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2011/09/despejo-politico/

terça-feira, 30 de agosto de 2011

REINTEGRAÇÃO DE POSSE HOJE

A reintegração de posse aconteceu hoje as 8h da manhã, mau esperaram raiar o dia! A oficial de justiça acompanhada de grande comitiva: 4 viaturas policiais, 2 da guarda universitária, marceneiros e chaveiros, além das ilustres assistentes sociais, adentraram ao bloco A para retirar da moradia o calouro Rafael...
Isso não  passará em branco, seguiremos em luta até essa injustiça ser reparada!

FIM DA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NA USP

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Comunicado dos moradores do CRUSP - USP


E ele estava com a raiva tanta que tudo quanto falava ficava sendo verdade”.
Grande Sertão Veredas
Guimarães Rosa

Nostálgico dos tempos da jagunçagem, quando não havia lei alguma, o John Wayne do CRUSP, Waldir Antonio Jorge, lança um libelo contra um morador. Isso mesmo, uma instituição pública gastou tinta, papel, tempo, nosso dinheiro etc. para difamar publicamente um cidadão. Agentes de segurança enfiaram por baixo de cada porta do CRUSP, uma a uma, o “Comunicado”. O opúsculo alega não existir perseguição política por parte da COSEAS. O humor involuntário é uma das melhores matérias-primas do riso. Mas quando o bufo está no poder, a comédia sai de cena, reforçando os contornos trágicos da realidade.

A ênfase no jubilamento, hoje irrelevante, e a enumeração de acusações infundadas, que sequer têm que ver com o caso, são estratagemas que visam desviar o foco da fraqueza do argumento principal. Pode ser que, talvez, o Waldir tenha arranjado um ghost writer até razoavelzinho em retórica (descontados os solecismos). Mas confiamos muito mais no discernimento dos cruspianos.

No arremedo de argumentação cometido no “Comunicado” é citado o Artigo 7º do Regimento do CRUSP, relativo a uma situação já passada, que não se aplica mais ao caso: “Artigo 7º – Perderá o direito à Bolsa-Moradia, independente dos prazos fixados nos artigos 4º e 5º, após a apuração dos fatos, o beneficiário que violar quaisquer das disposições deste regimento ou de sua regulamentação”.
Atenção! Não há nenhuma palavra sobre processos seletivos futuros.

Depois cita o parágrafo 8º do artigo 6º, do Regulamento do CRUSP, que diz: “Artigo 6º – Anualmente, em datas a serem fixadas, será realizada a reavaliação socioeconômica de cada bolsista, bem como a avaliação de seu desempenho acadêmico, cujos índices deverão ser compatíveis com o especificado no Regimento do CRUSP...”
“§8º – Os alunos que mudarem de curso através de transferência interna ou de novo vestibular terão o direito de pleitear renovação da Bolsa-Moradia, respeitando o prazo de concessão relativo ao curso através do qual obtiveram benefício, ou poderão participar de novo processo seletivo, respeitando o que determina o §2º, artigo 3º, deste Regulamento”.
Desse artigo Waldir infere que não se pode participar novamente do processo seletivo por motivo de jubilamento. A implicação é um disparate, o artigo não trata do caso de jubilamento. Non Sequitur! É como inferir da sentença:
-“Bavária não vale nem R$1,50”;
a seguinte conclusão:
-“Portanto, pepino à meia-noite é indigesto”.
Não tem nexo algum.

Relapso, Jorge não reproduz o texto do tal artigo 3º, mencionado no artigo 6º citado por ele. Esse artigo, sim, trata especificamente do que impede um estudante da USP de participar do processo seletivo: “Artigo 3º – No período compreendido entre janeiro e março [há muito tempo não é cumprido], em datas a serem fixadas anualmente, deverão ser abertas, no Serviço Social da COSEAS, as inscrições para candidatos à obtenção da Bolsa-Moradia, conforme determina o artigo 3º, do Regimento do CRUSP. [Este é o Regulamento do CRUSP].
§ 1º – Não serão aceitas inscrições de alunos que já possuam título de bacharel ou licenciado obtido em qualquer instituição de ensino de nível superior.
§ 2º – Não será aceita inscrição de aluno que, matriculado em diferentes cursos da USP, já tenha obtido a Bolsa-Moradia em outros dois processos seletivos”.
Nada sobre jubilamento. Nada sobre reingressar no mesmo curso. Ficamos entre o Waldir e a lógica. Entre o Waldir e as regras da própria universidade.
Outras falácias saltam aos olhos. Uma falácia de acento impróprio, por exemplo. Um sofisma de acento impróprio é assim:

CERVEJA GRÁTIS AQUI
nunca! - Bavária R$1,50

Foi isso que o ghost writer do Waldir fez quando deixou “jubilado” em negrito, duas vezes. Como a denúncia de perseguição (disponível em: http://perseguicaopoliticanausp.blogspot.com/2011/08/perseguicao-politica-na-usp.html) já explicava, agora o Rafael é calouro. E como calouro participou da seleção desse ano. Obteve a pontuação necessária mas foi “desclassificado” sem nenhuma justificativa oficial até hoje. Documentos relativos à desclassificação inexistem ou são ocultados nas catacumbas da burocracia. Outra vez, para reforçar: Rafael é CA-LOU-RO. (E dizem não haver perseguição política...)

Há também o franco ataque pessoal. Waldir divulga: o nome completo, o curso, o endereço e dados acadêmicos de Rafael, expondo sua vida privada. Ao mesmo tempo em que a COSEAS lança mão de um parecer da Consultoria Jurídica da USP para não divulgar lista com os classificados para a Bolsa-Moradia. O superintendente da COSEAS chama o estudante da FFLCH de “transgressor”. Afirma que o aluno teria sido “apontado diretamente” como participante de supostas “relações conflituosas”. Esqueceu-se de contar aos cruspianos que quem “apontou” o Rafael foi ou ele mesmo ou seus subordinados. Esqueceu-se de dizer que nenhuma de suas acusações jamais foi provada. Atentemos, além disso, para o fato de que tais acusações, ainda que fizessem algum sentido, não teriam nenhuma relação com o direito do estudante de... estudar! O superintendente ainda afirma, nesse mesmo panfleto, que não persegue politicamente o primeiro-anista. Ora, o próprio “Comunicado” é mais uma prova de que há, sim, perseguição política. O difícil não é esclarecer sobre os fatos, difícil é desmistificar mentiras absurdas e manipulações de informações.

Finalmente, há um apelo à autoridade implícito. Quando argumenta tão mal, Waldir está apostando na confiança que os cidadãos devotam às instituições públicas. Incorreto no equívoco de assim fazer, porque descarta a pouca credibilidade de um órgão como a COSEAS, que fracassa mais uma vez na tentativa de justificar o arbítrio. Quando não cumpre seu próprio regimento, a COSEAS age segundo interesses ideológicos alheios à sua função de fomentar a permanência estudantil. Quando não cumpre o próprio regimento, a COSEAS promove o arbítrio, não restando nenhuma segurança para qualquer outro morador do CRUSP, uma vez que o Waldir vai agir em cada caso como bem entender. Eis o que o caso do Rafael ilustra, e que o “Comunicado” reforça. Nosso regimento foi atirado no lixo e suas garantias não valem mais nada. Apesar de ter sido elaborado unilateralmente, sem participação de moradores, e de estar aquém de nossas necessidades. Não há nenhuma razão para depositarmos confiança numa instituição como essa. Quo usque tandem

sábado, 27 de agosto de 2011

COMUNICADO DA COSEAS EM 26/AGO/2011






NOTA CONJUNTA SINDICATO DOS TRABALHADORES DA USP - SINTUSP E DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES - DCE LIVRE DA USP


Novamente verificamos a postura inadmissível da USP com sua comunidade. Rafael Alves estudante reingressante ao curso de Letras participou do processo seletivo por uma vaga do CRUSP. Mesmo preenchendo TODOS os requisitos da COSEAS para obter Bolsa-Moradia (vaga no CRUSP), negando-lhe o direito à permanência estudantil; teve sua vaga na moradia estudantil
negada. Além disso, recebeu um mandato de reintegração de posse para que aconteça no próximo dia 30.
O processo é movido pela Universidade de São Paulo - USP a pedido da Coordenadoria de Serviço Social – COSEAS (responsável pelo CRUSP). No regulamento da moradia, diz que as listas do processo seletivo devem ser divulgadas: “A lista dos classificados, em numero compatível com a quantidade de vagas disponíveis no CRUSP, será divulgada em ordem alfabética, até o final do mês de maio, para imediata ocupação e a lista dos remanescentes será divulgada na ordem de classificação” (Artigo 5°, §1°), garantindo a lisura do processo. No entanto, desde 2006 isso não ocorre, prejudicando assim a transparência do processo, não sendo pública a informação de quantos estudantes conseguem as vagas por ano e nem quem são estas pessoas.
A perseguição política não é algo confessável à luz do dia, ao menos por enquanto. Em 2010, a COSEAS e a Reitoria instauraram diversos processo administrativos contra estudantes, por meio do decreto da ditadura militar Nº 52.906, de 27 de março de 1972, Artigo 247 - “O Regime Disciplinar visa assegurar, manter e preservar a boa ordem, o respeito, os bons costumes e
preceitos morais, de forma a garantir a harmônica convivência entre docentes e discentes e a disciplina indispensável às atividades universitárias”. Todos os processados são participantes do movimento estudantil. Em um documento anexo ao processo do Rafael, também integrante do movimento estudantil e ex-membro da AMORCRUSP – Associação de Moradores do CRUSP,
Waldyr Antonio Jorge, coordenador da COSEAS, pede ao Procurador Geral da USP para acelerar a abertura dos processos administrativos “por se tratar de ex-aluno da USP invasor do prédio do serviço social (…)”, imputando-lhe, assim, um crime pelo qual nunca foi sequer julgado. Não há canais institucionais para a expressão de demandas do conjunto da comunidade
universitária dentro da USP. Estamos sob uma estrutura de poder autoritária e centralizadora. Os que ousam atuar politicamente, apesar desse quadro, são perseguidos e criminalizados.
A quem interessa a perseguição política em nossa Universidade? Devemos tolerar o arbítrio e o autoritarismo? É justo que a burocracia jamais possa ser questionada, sob risco de punição para os que ousem fazê-lo? É moral e lícito que o aparato burocrático e os recursos de uma universidade pública sejam utilizados para realizar perseguições políticas? Tal expediente é
aceitável se o objetivo for propiciar atingir objetivos ideológicos? Não podemos restar inertes diante das injustiças.


Abaixo-assinado em: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=crusp


Visite o blog: http://perseguicaopoliticanausp.blogspot.com/



PELA RETIRADA IMEDIATA DOS PROCESSOS CONTRA ESTUDANTES E TRABALHADORES!


NÃO A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS!


PELO FIM DA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA!



http://www.dceusp.org.br/2011/08/atos-contra-perseguicao-politica-na-usp/

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Atos dos dias 24, 25 e 26...

Nos dias 29 e 30, todos a frente da COSEAS!

Até a retirada do processo de reintegração de posse!